segunda-feira, 7 de junho de 2010

Funções da Comunicação

O Jornalismo Empresarial é um fenómeno típico e crescente da era da globalização, quando grandes empresas passam a se considerar tema suficiente para cobertura jornalística e decidem usar este tipo de actividade para se comunicar internamente com sua "comunidade" de empregados, clientes e parceiros, e também quando executivos se tornam numericamente suficientes para sustentar um público leitor. Chama-se Jornalismo Político a especialização da profissão jornalística nos assuntos relativos à política (em níveis local, regional e nacional), ao parlamento, aos partidos e a todas as esferas de poder formal na sociedade.

Um célebre documento elaborado no final da década de 70 por uma comissão da UNESCO presidida por Sean McBride atribui à comunicação, entendida como um instrumento de progresso e um factor de desenvolvimento, as seguintes funções:

Informação: reunir, armazenar, tratar e difundir as notícias, os factos, as opiniões e os comentários necessários para a compreensão das situações individuais, colectivas, nacionais e internacionais e estar em condições de tomar as decisões necessárias.

Socialização: constituir um fundo comum de conhecimentos e de ideias que permitam a qualquer indivíduo integrar-se na sociedade em que vive e favoreçam a coesão social e a tomada de consciência indispensável à activa participação na vida pública.

Motivação: prosseguir os objectivos imediatos e as finalidades últimas de cada sociedade; promover as opções pessoais e as aspirações individuais; estimular as actividades individuais ou colectivas orientadas para a realização de objectivos comuns.

Discussão e diálogo: apresentar e trocar os elementos de informação disponíveis para facilitar o acordo ou clarificar os pontos de vista sobre as questões de interesse público; fornecer os elementos pertinentes para reforçar o interesse e a participação do público em todos os problemas locais, nacionais e internacionais.

Educação: transmitir conhecimentos contribuindo para o desenvolvimento espiritual, a formação do carácter, a aquisição de competências e de aptidões em todos os períodos da vida.

Promoção cultural: difundir obras artísticas e culturais para preservar a herança do passado; alargar o horizonte cultural despertando a imaginação e estimulando as
necessidades estéticas e a criatividade.

Distracção: difundir actividades recreativas individuais ou colectivas, tais como o teatro, a dança, a arte, a literatura, a música, o desporto e outras actividades lúdicas.

Integração: favorecer o acesso à diversidade de mensagens de que todas as pessoas, grupos ou nações têm necessidade para se conhecer e compreender mutuamente e para apreender a maneira de ser, os pontos de vista e as aspirações dos outros-

Trata-se não só de funções genéricas, relativas ao fenómeno da comunicação em geral, mas também de funções potenciais, de possibilidades em aberto, que poderão (ou não) ser exercidas no todo ou em parte, com este ou aquele conteúdo, este ou aquele objectivo, valorizando este ou aquele aspecto.

Nas actuais condições da sociedade capitalista, o peso dominante adquirido pela função distracção (e, geralmente, no seu sentido menos nobre) mostra bem de que modo as funções propiciadoras da alienação e do conformismo social se sobrepõem às que podem fazer dos media factores de progresso, de desenvolvimento e de transformação.
Mas as funções atribuídas aos media mostram, só por si, o papel decisivo (ainda que não o exerçam em exclusividade) por eles ocupado na nossa sociedade, através da sua influência nos modos de conhecer e de interpretar a realidade, nas concepções e aspirações, nos hábitos e comportamentos, nas orientações e princípios que inspiram as formas de relacionamento e de intervenção na vida social.

Amílcar Nunes, Carlos Ferreira e António Silva